quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Tranquilidade


Eu me emociono com textos de desconhecidos.
Eu me transporto para época perdidas.
E vejo lágrimas em meus olhos.
Eu vejo lágrimas de felicidade!
Os meus olhos brilham mais do que criança ganhando doce.

Eu viajo sozinha.
Descubro matas, praias, cidades inóspitas.
Eu navego em rios.
Tomo banho de mar.
Deixo a sandália na areia e vou brincar
de voar.
Eu olho para mim. E os meus cabelos estão ao vento.
Meu rosto está vermelho. Ah, vermelho de excitação.
Eu paro por um segundo.
E aquelas fotografia ganham vida.
Aquelas pessoas retornam. E a casa está repleta de sorrisos.
Os sorrisos não são de desespero.
Ah, os sorrisos são amor!
São amor!
Amor...
Tudo aquilo que eu via em meus olhos,
minha face,
minha boca.
O meu corpo esquecia.
O meu corpo flutuava.

E o tranco do carro foi
mais forte do que as lembranças.
E muito menos
do que a ânsia de voar.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Declaração!



E, no fundo, aquela saudade calada.
De quem já não faz parte da família.
Ainda que o sangue não negue.
Há um desertor!
Não daqueles que saem esbravejando as falhas consaguíneas.
Daqueles que não se sentem mais em casa.
Que não luta mais por manter a tribo em paz.
E ainda se alicia aos inimigos.
Ainda que o seu coração palpite ao falar do seu passado.
Ainda que não queira seu mal. Queira seu bem.
Ainda que deseje... Seria bom ter ficado.
Mas sair foi melhor.
Ele já pertence a outro lugar.
*De vez em quando regressará às escondidas.
Camuflado
Para ver se encontra o que ainda falta nos seus dias.
Para ver se o coração balança a cada batida da bateria.
Bandida!
Para ver se se perde novamente.
E, então, encontrará o caminho do lar.
Que é um pouco longe dali.

domingo, 25 de julho de 2010

E finalmente.


E ela perdeu a esperança. Nem os livros a salvavam mais. Nem as palavras dos mais sensíveis escritores a faziam tirar os pés do chão, deixar a mente viajar e fazê-la acreditar em algo além do que os cinco sentidos são capazes de captar.
Ela desistiu do amor. Dormiu na décima página.
Sonhou com nuvens e anjos que lhe faziam companhia. Uma música suave a fazia dançar e as frutas tinham um sabor mais agradável do que o normal. Ela estava bem. O vestido era tão leve e a cor, tão clara que quase transparecia sua pele pouco bronzeada. Seus cabelos estavam sadios, brilhantes, sedosos, perfumados. E seus olhos brilhavam tanto que a esmeralda se tornou uma pedra sem valor. Sua alma estava em paz. E ela desejou morrer naquele sonho para encontrar toda essa maravilha vivenciada.
Sentiu uma mão em seu ombro. Acordou procurando descobrir onde estava. Um rapaz moreno, muito lindo, estava ao seu lado falando coisas sem nexo. Entendeu. Dormira na biblioteca. Sob o livro. E o moço a estava avisando sobre o fechamento da biblioteca. Era um leitor também. A convidou para tomar um café. Não nessas cafeterias expressas. Nesses cafés clássicos.
Ele contou da sua tese de doutorado. Da sua viagem para a Alemanha e do desejo de visitar o Japão. Ponto em comum. Ela estudava japonês. Conversaram sobre a cultura e decidiram marcar um jantar para a próxima semana. Ele a levou em casa. À pé mesmo. Ela não se importou. Nem esperava por isso.
Se casaram.
Tiveram filhos.
Visitaram o Japão.
Ele leciona História da Arte.
Ela desenha vasos. E também pinta telas. E faz artesanato.
Mas faz faculdade de Administração. Porque teve vontade.
Ele é louco por ela.
E ela não imagina a vida sem ele.
Acabou de escrever um livro. Sobre a sua vida.
Sobre como recuperou o amor. E como se permitiu.
E como deixou acontecer algo tão improvável.
Eles vão ficar juntos até, e se, a morte os separarem.

Do nada.


Eu fico excitada com a possibilidade de
ter feito coisas que as pessoas vão se recordar.
Mesmo quando eu já tiver esquecido.
Como aquele.
Eu não gosto de nada que me faça lembrá-lo.
Não fosto das datas que eu "comemorava" com ele.
Não gosto das lojas que ele comprava.
Não gosto das roupas que ele usava.
Da sua profissão.
Do seu gosto musical.
Muito menos do suco de laranja sem açúcar,
que hoje eu peço por estar acostumada.
E o que me faz rir são as pessoas que comentam
sobre nós sem saber que nós já fomos.
Que, por bondade divina,
esperteza minha e
saturação dele,
tivémos um fim.
E foi tão oportuno.
Porque hoje me encontro segura nos braços de alguém
que eu respeito.
Que eu gosto.
E que vou escrever histórias que as pessoas lembrarão
mesmo quando estivermos ausentes.
E como quero viver para marcar!
Viver para lembrar e não ser esquecida!
Como quero esse amor que me alivia!
Ai, vida!
:)

Incredulidade


E a gente
acredita que haverão
muitos braços para nos segurar
ante alguma queda.
Mas não existe. Eu me perguntava para onde
iam todos os sonhos interrompidos, desejos guardados,
promessas não cumpridas.
E descobri.
Vão para o inferno.
Alimentar as almas que vivem de ilusão.
Porque só vai para o céu
quem sabe o que é real.
E real é sentir dor.
Mesmo que dure segundos.
Real é descobrir que só podemos contar
com o nosso próprio esforço e
sacrifício.
Real são amigos que te esquecem
e amores que desgostam.
Que o mundo continue
girando devido à
conveniência
na qual as relações se estabelecem!
Porque o meu amor só cresce.
E o meu pesar também.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

"Siga as batidas do seu coração"


Uma sala.
Um sofá.
Um homem e uma mulher. Lado a lado.
E pensamentos diferentes.
O coração dela ainda acelerava quando via a foto de Fernando.
Até pensava que não aguentaria a emoção de ser surpreendida assim.
Definitivamente não sabia qual sentimento nutria por ele.
Ela acreditava ser fracasso. Desilusão.
Não sei. Mas o coração continuava acelerado.
Ela queria poder explicar.
Ao menos conhecer. Denominar a emoção que me acomete ao vê-lo - Ela pensou.
Saber que isso se chama amor.
Mas não era amor.
Amor ela sentia pelo cara ao lado.
Ela só queria saber por que Fernando a tinha esquecido se era tão importante para ele como falara.
Augusto não imaginava como a mente de Gabriela seguia rápido daquele jeito.
Ele só pensava que ela era tudo o que ele sempre precisou.
E os ventos já haviam mudado a direção dos pensamentos dela.
E Augusto permanecia imóvel.

Purificação


Uma lágrima cai.
E eu já não posso conter todos esses anos de reclusão.
A solidão deixou algumas marcas. As feridas cicatrizam de acordo com aquele meu tempo perdido. Mas o sangue ainda escorre. E preenche os espaços destinados à ilusão.
A dor de ser único é privilégio de quem a sente.
A felicidade nesse ser é tão merecida e desfrutada como fruta colhida no pé.
Eu acredito que aquele meu refúgio tenha sido descoberto por mentes oprimidas.
A minha sala não é mais cor-de-rosa. É de madeira. A lareira continua acesa. E mesmo que eu queria, os pertences não somem em um piscar de olhos. Essas recordações sabem do seu espaço e teimam em permanecer. Discutem comigo os seus benefícios. Ainda que eu acenda a luz e enxergue tudo verde claro e uma cama branca com os pés para a janela. Esse não é o verdadeiro lugar.
O cinza que impregna a alma dá as caras como a chuva na cidade grande.
O ar que entra pelos meus pulmões é mais azul. Mas ainda contém carbono.
E o livro da cabeceira...
está aberto na página duzentos e vinte e três.
Eu reflito.
Eu acordo e a cortina continua aberta. A janela fechada. E um jardim do lado de lá.
A secretária fala inglês.
O poeta, francês. E eu, com o meu português, fico sem saber para aonde ir.
Onde estou?
E uma campainha toca. É o aviso que a prova de roupas é a seguir.
Um espanhol, sem saber de tudo em mim,
sobre mim,
e que não lê minha mente,
abre um guarda-roupa.
E me sugere
um blazer.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

Achado de um dia desses.


Eu ando sob a grama.
Meus pés descalços sentem o frio
e a delícia que é
andar no chão. no mato. na terra.
eu penso na minha mãe.
Poderia ter sido mais generosa com ela.
Ou ela que realizou o seu papel comigo?
e eu só aceitei.
pensando na minha construção.
e em como ser tão boa quanto ela
nessa atribuição.
Olho no canto do quintal e
vejo uma bituca de cigarro
que algum porco, sem educação
e sem respeito pelo do que é dos outros
jogou.
Lembro do fogo.
E das fotos queimadas ontem.
Das lembranças apagadas, sim, apagadas.
Porque não recordo mais
aquilo que não me acalenta.
Ai, a sujeira desse mundo!
Tão diferente do que vejo no quintal.
As plantas, flores, água, os passarinhos
que passam todos os dias no mesmo horário.
E o frio.
Que reina na casa de quem gosta de calor.
E o céu alaranjado, meio rosa, um pouco azul.
no fim da tarde.
E a noite que vem mais cedo.
E o amor que quer entrar.
Não sei se devo.

Saudade de São Paulo!


E eu que não pensei que iria sentir... agora escuto Sampa com nostalgia.
Pensando nos bares, cafés, restaurantes, pessoas, teatros, cinemas, shoppings, pessoas, praças, ruas, prédios, pessoas, livrarias, parques, pessoas... casas e lugares e lugares e lugares que gostaria de estar, de visitar, de passear... e pessoas que gostaria de encontrar, conversar, dançar, dividir, ouvir, ver, sentir... admirar, admirar a mudança, o tempo que passa mais rápido, tudo que muda em um segundo e que, no fundo, continua o mesmo.
Ahhh, São Paulo, faz-me muita falta!



Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João

Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso

Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva

Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa
(Brilhante Caetano Veloso)

sábado, 26 de junho de 2010

Adaptação


O que restava da fogueira eram brasas. Não havia ninguém em suas barracas. E os meus olhos não estavam abertos, por causa da luz do sol e do sono crônico. Eu sentia a sua falta, não desejando a sua presença, só notando a sua ausência como quem sente os dias que já não são mais seus, a morte, o adeus sem volta. Eu estava passando por novas experiências, amadurecendo, crescendo, vivendo situações das quais me lembraria com orgulho. Ouvi um barulho e alguém trazendo flores do campo e uns frutos para degustarmos. Aqueles cinco dias provaram-me que, realmente, o impossível é questão de opinião. Aquela paisagem surreal. Aquele sentimento único. Sentei para a meditação da manhã e senti o ar entrando e saindo dos meus pulmões. Meus sentidos se aguçaram. Pude ouvir as batidas do meu coração. Lembrei da dança. Esvaziei minha mente. ... Senti o vento bagunçando os meus cabelos e fazendo as folhas das árvores cantarem. Acordei.

Com a irmã mais nova.


Plantar.
Uma semente.
De flor, fruta, verdura, legume
esperança, amor, carinho, verdade.

Plantar para
cultivar o que desejamos colher.

Para esperarmos
o desabrochar
do que nos encherá de orgulho.

Para nos encher
de paz. E certeza
que podemos.
Acreditar.
Que somos responsáveis
por aquilo que semeamos
E não podemos abater.

Plantar. Acreditar. Permitir
nos envolvermos pela terra que nos acolhe, nutre e embeleza.
Crescer, viver, mudar, embelezar.
Ser.

Recuperado


Estava chovendo. As janelas estavam abertas. Acordei asssutada com o coração batendo horrores. Eu não lembro direito. Mas sonhei com você. O ar... O ar... Estava sem. Minhas pernas eram suas. Você me torturava. Nos beijávamos. Você sorria. Eu te odiei. Quis fugir. Viajei. Você me encontrou. Me matou. E eu sobrevivi. E no sonho, nos encontrávamos distantes. Por ilusão. Eu não aguentei e chorei. Acordei num sobressalto. E agradeci a realidade. O nunca mais.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Fuga!


e eu sinto vontade de escrever.
Ai, meu Deus, me ajuda?!
Por que essas coisas acontecem comigo?
e eu me vejo menina, escondida debaixo da cama,
chorando,
rezando,
pq eu não entendo a perseguição;
não, eu não entendo.
Sem me colocar no papel de vítima,
eu busco as respostas.
E cresço.
Eu fujo inconscientemente.
Fujo de alguma coisa que atormenta a minha mente
sem que eu perceba.
solidão?
acredito não ser.
E depois de voltas
e voltas
e voltas
ao redor de mim mesma,
descubro que não me encontrei.
que as respostas foram úteis em momentos isolados.
e que a verdade sobre o meu ser
não apareceria em breve.
Eu fujo
e esqueço aquilo que ficou pra trás.
aquilo que já me fez sorrir e chorar.
o que me fez mulher.
eu corro sem notar que as minhas pernas se movem.
os meus joelhos doem e
eu não sei a razão.
o andar é apressado,
mas eu não sei para onde estou indo.
e, de repente, eu me encontro em seus braços.
um amor repentino.
um desejo calado.
e já não tem mais como fugir.
mesmo que a minha mente voe para outro lugar
o paraíso é ao seu lado.
e o desejo de partir não é suficiente
para desancorar o
meu coração.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Contrição


Por um momento.
Um instante, tão repentino quanto o flash de uma câmera fotográfica.

Por esse segundo, eu quis tomar uma atitude diferente.

Por esse segundo, eu quis me deixar levar pelos seus braços.

Eu quis correr para sua cama ao invés de correr para a estação de trem.

Por esse segundo, eu quis dizer sim a você.

Eu suportaria até quando você se apaixonasse por outra. Porque eu sei que eu o teria novamente,
que você voltaria para mim.
Eu queria ter visualizado os meses seguintes. A decepção.
Eu queria ter preferido você.

Eu queria ter aberto mão dele.
Eu apostaria de novo aquilo que não levamos a sério.

Hoje seria diferente. Talvez estivéssemos em outro lugar.
E eu o ouviria cantar só pra mim.

Ah, se eu soubesse aquele dia o que sei hoje...

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Como em um sonho.


E, de repente, se chora por tudo aquilo que não se quis derramar uma lágrima; por todas as situações nas quais se fingiu ser imune; por todos os gritos calados nas dores que se julgava insuportáveis; por todas as feridas mal curadas; por todos os amores fracassados e os desejos não realizados.
De repente você sente o coração quebrar - como aquela peça de cristal que você guardava há décadas em uma câmara especial, guardada do mundo, da realidade, da vida sem máscaras e sem sonhos -, ferindo todos os outros órgãos ao redor, espalhando dor, espalhando dor.

E, de repente, eu me encontro no confessionário da igreja. Escondida de todos. Chorando como nunca. Conformada, no fundo. Pensando em escrever sobre todos esses sentimentos que me acometem nesse momento, todos os sentimentos que passaram por mim nesse tempo, toda a transformação pela qual eu passei.
Eu prefiro estar escondida quando meus olhos secarem. Os soluços passarem. Eu nem preciso falar. Já dispensei um padre.
Essa mudança requer tempo.
Eu sei que o meu vestido está um pouco sujo. E a maquiagem está borrada. É impossível manter-se alinhada, estar de outra maneira.
Eu queria o poder de transportar-me para lugares intangíveis, invisíveis, inconcebíveis. Como... Morrer um pouquinho.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Naqueles dias de tensão...


Ele havia saído do curso. Estava indo almoçar. Ao sair na rua, seus olhos demoraram um tempo a se acostumar com o tanto de pessoas e carros transitando. Depois de alguns minutos andando em busca de um lugar para almoçar, teve uma visão surpreendente: ela! Ela estava de costas, mas seus cabelos e seu andar eram inconfundíveis. Estava vestindo um vestido verde-musgo com delicadas mangas, uma bota de salto pequeno de cor bege claro, carregava uma bolsa preta e um casaco marrom claro no braço esquerdo. Seus cabelos estavam soltos. A cor do vestido contrastava com sua pele branquinha. Ela parou em frente à faixa de pedestre, esperando o sinal fechar, olhou na direção em que ele estava, mas não o viu. Ah, naquele momento ele percebeu que ainda a amava! Mesmo tendo passado doze anos após o rompimento. Ele não sabia se a abordava ou só se continuava admirando sua perfeição. Sua mente viajou e o que ele desejava apenas era que ela estivesse com aquele macacão que ele odiava, com as unhas sem fazer e o cabelo meio desgrenhado tomando coca-cola e comendo pizza no café-da-manhã. Ah, como ele a amava! E como ela estava diferente. Mas ainda permanecia aquele... Aquele ar angelical. O sinal fechou para os carros e ela atravessou a faixa de pedestre. Foi nesse instante que ele conseguiu ver algo que cintilava em sua mão direita, mais precisamente no dedo anelar. Uma aliança dourada. Aquela que ela não havia aceitado há treze anos atrás. Ficou cego. Então, ele notou que a tinha perdido. Olhou novamente, procurou e a viu entrando em um restaurante de alta gastronomia. Era um pouco longe. Ele não a viu mais.

quarta-feira, 5 de maio de 2010


Silêncio. Ausência de palavras.
Aceitação.
Compreensão.
Compaixão.

Concentração.

Auto-conhecimento.
Análise.
Conhecimento do outro.

Descoberta.
Surpresa.
Segredos.

Sintonia.
Confiança.
Cumplicidade.

Respeito, acima de tudo.

Imaginação.
Ilusão.
Fim. Nunca começo.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Caminhada vespertina


Não necessariamente
um velho é experiente
um adolescente é inconsequente
e uma criança é inocente.


Não necessariamente
é cego quem ama
é surdo aquele que não quer ouvir
sofremos na dor.

O que a mídia passa
nem sempre é verdade
As nossas escolhas nem sempre são equivocadas.
E os amores
são todos mal resolvidos.

Irmãos nem sempre são amigos
E amigos não substitui a família.

Você não precisa de uma religião.
Mas precisa acreditar em algo.
Não necessariamente invisível.
Mas transcendente.

Os seus conceitos podem ser flexíveis.
O seu amor deve!

Porque um mendigo, não necessariamente,
é um acomodado.
E uma celebridade nem sempre tem sucesso.

O tempo passa rápido para alguns
e, para outros, se arrasta.
A vida atropela os alienados.
E dá as mãos aos visionários.










quarta-feira, 28 de abril de 2010

Sem arrependimentos. Mas com dor no coração.


Eu fico dando voltas,
passando os rostos,
trocando os olhares
e até tento mudar as intenções.
Impossível reviver!
Por mais que retorne àquele
lugar inesquecível
com aquelas pessoas insubstituíveis.
Não, o momento é outro e
eu não vou conseguir o mesmo efeito.
Posso até sofrer. Doer. Cair em desespero.
E nunca mais querer voltar naquele lugar.
com aquelas pessoas.
É assim que acontece
depois de viver doze meses que
pareceram doze anos e doze dias,
ao mesmo tempo,
com pessoas amadas.
O que fazer?
Nem eu sei dizer.
Eu só sei sentir.

domingo, 25 de abril de 2010

Feriado


Era o fim de uma história.

Era o início de uma lenda de amor.

A história de uma mulher que esperou tranquilamente pelo amor da sua vida até o dia de sua morte.

A lenda de uma guerreira que superou o ciúme, a inveja, a solidão, os preconceitos e o orgulho.

Depois daquela tarde em que ele suplicara: "Espere por mim? É só você quem eu amo e quero nessa vida!", essa doce senhora sentava todas as tardes para ver, da sua varanda, o sol se pondo no mar.

Aquelas luzes, cores e sensações a fortaleciam. Ela se renovava a cada pôr-do-sol acompanhado de uma xícara de chá ou capuccino nas tardes mais frias e suco de laranja nas mais quentes. Ah, tinha também uns sequilhos ou bolachinhas de goiabada. A mesa branca de ferro e as cadeira sempre estavam na mesma posição. A única coisa que modificou com o tempo fora a árvore que havia crecido e já poderia atrapalhar a visão do seu eterno-potencial-acompanhante do espetáculo mais lindo do universo.

Ela tinha noventa e seis anos no dia em que faleceu. E vinte e oito no dia em que seu amor pediu-lhe paciência. O curioso dessa personalidade era a confiança, a certeza que ela possuía em uma amanhã glorioso. Ela não se martirizava nem sofria. Sim, seu coração era torturado a cada dia que passava e ela não recebia o retorno esperado. Doía muito. Mas nem por isso ela chorava. Viveu todos os dias unicamente. Viajou. Estudou. Trabalhou. Saiu com outros homens para dançar, jantar, passear, conversar, mas nunca permitiu um beijo nem o entrelaçar das mãos. Sentiu vontade de ter filhos e adotou as crianças das empregadas. Investiu no futuro delas e recebeu muito amor, carinho e gratidão em troca. Isso a ajudava também. Em nenhum momento ela ligou para ele, mandou cartas ou qualquer coisa do tipo. Sua família se revoltava contra ela e, principalmente, contra ele.

Depois de mais um espetáculo de luzes, cores e sensações, foi anunciado que ela tinha uma visita. Vindo em uma cadeira de rodas, com três anos a menos que ela, mas aparentando mais, um senhor que carregava no semblante a felicidade e o arrependimento lhe disse: "Eu voltei!". Ela, sentada ainda na cadeira, segurou sua mão, olhou em seus olhos e falou: "Muito obrigada por ter me proporcionado tanta felicidade!". Trocaram um demorado beijo no rosto. Ela deitou em seu colo e... descansou em paz.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Aniversário do André!

Acho que o André merece um post de aniversário!
Foi ele quem criou esse blog pra mim! :D
Ele sempre me incentivou a escrever, fazendo críticas aos meus textos e acreditando em mim!
Também foi fundamental em momentos da minha vida em que eu estava um tanto desorientada e começando uma nova fase!
Ele conversava comigo atéééé de madrugadona todos os dias das férias!
Somos tão diferentes que de vez em quando até nos parecemos.
Concordamos e discordamos diversas vezes.
Eu tento alertá-lo... e ele me dá uns conselhos.
=P
Eu queria escrever um texto bem lindo ou dedicar uma música também linda a ele.
Mas acredito ser impossível por ora. Acho que as palavras espontâneas e sinceras são mais adequadas nesse momento.
(Aquele clichê básico, para satisfazê-lo qto a isso)
=P
Ah, eu só queria registrar a importância desse meu amigo que eu não vejo sempre, que não é aquele que me conhece desde a maternidade e que, ainda assim, é essencial pra mim.

Dé, sua amizade me ajuda muito! Sempre!

Desejo TUDO de MELHOR na sua vida!
Que você alcance seus objetivos e realize seus sonhos!
Muitas felicidades, meu amigo!

Domingo de ressaca


Eu realmente não me lembro.
Eu estava com os pés descalços e
pisava em cacos de vidro.
As pessoas riam de mim
e uma delas veio me dizer que eu
não conseguiria.
E o engraçado disso é que
eu poderia acreditar nessas palavras.
A chuva molhava o meu corpo,
lavava minha consciência ,
levava os restos de um amor pagão.
O som vinha do mar.
As ondas batiam nas pedras.
A areia estava dura. E eu deitei sobre ela.
Os meus olhos encontraram uma estrela
que fingia ser o meu norte.
Quando, na realidade, o que me guiava
eram as placas de sinalização.
Eu poderia ter chorado;
virado de lado e dormido;
e até gritado.
Mas preferi cantar.
Um tanto desafinada, porém suficiente para
que as pessoas se aproximassem.
Então, deu-se início uma comemoração.
As pessoas celebravam a vida.
Eu continuei deitada.
Os meus olhos se fecharam.
E agora estou aqui.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Aquele brinde à liberdade! :D


** Inicialmente, eu pensei em postar parte do texto que eu fiz... A parte que mais se adequa ao dia e à ocasião, mas eu não gosto das coisas pela metade, né?!, então, não custa nada colocar o texto inteiro. Esse texto foi feito em fevereiro.

=)


Acho que preciso escrever
que eu não te vi aquele dia;
que eu não saí daquele lugar pela
sua atitude.
Foi porquê eu quis. Quis aproveitar, curtir e viver
o que eu não vivi ao seu lado.
Eu preciso te contar que
hoje eu sou feliz.
Eu faço o que eu quero.
Longe de você.
E triste é ter que ter alguma companhia física
quando a que está dentro de nós não pode nos acompanhar.
Triste é virar de costas quando se quer ver.
É fechar os olhos quando se quer falar por meio deles.
Triste é beijar quem substitui.
É amar quem não te completa.
É negar o que sabe ser real.

O que é real?
Eu só sei que...
Hoje é um outro dia.
E o tempo fará eu perceber
que a vida segue.
E que eu vivo muito além!

quinta-feira, 4 de março de 2010

No trajeto de volta... ontem.. no ônibus!


Eu queria um mundo só nosso.
Mas não a cidade da periferia;
o país da Alice;
o céu dos bons;
E o inferno dos maus.
Não queria o universo parelelo dos loucos,
porque eu não quero que seja um mundo
virtual como o dos covardes.
Não quero os EUA dos capitalistas
nem a URSS dos socialistas.
O Brasil até seria uma opção,
mas no meu mundo não teria corrupção.
Não, não é um mundo de imaginação
Lá as utopias seriam, enfim, alcançadas.
Está mais para Pásargada do grande Bandeira.
Onde poderíamos tudo o que quiséssemos.

Entretanto,
o meu mundo não seria tão agradável.
Por que:
Como posso saber a alegria do reencontro se não sofrer com a distância?
A plenitude do amor se nunca estiver só?
A satisfação da conquista se jamais possuir incerteza?
Como poderei me sentir realizada se as minhas vontades não tiverem tempo para transformar-se em sonhos?
Pense. Duvide. Questione
a sua vida e o modo como a conduz.
Mas queira somente essa.

Esse é o seu mundo!

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Há algum tempo... Nem tanto assim.


Sem me dar conta,
o dia amanheceu.
Eu fecho o livro e olho pela janela.
Tenho vontade de continuar acordada
e andar logo mais,
mas sei que não tenho forças para isso
e em breve estarei em minha cama.
Resolvo tomar um capuccino.
Dá uma preguiça,
mas ainda assim minha sede supera esse modo
que impera em meu ser na maioria das situações.
Saboreio minha bebida sentada na mesa,
olhando a sala que começa a ser clareada.
E penso que vivemos sozinhos realmente.
Essa impressão de que existem pessoas ao nosso lado é
ilusão.
As pessoas nos deixam; nós as deixamos.
Resolve-se mudar de casa, cidade, estado, país;
amigos, namorados e até de familiares.
Escolhe-se outra escola, outra balada, outra faculdade e outro trabalho;
Muda-se os conceitos, as atitudes, os sonhos e as interpretações.
Transforma-se a realidade. E os vestígios que sobram servem para compor a saudade. Daquele algo ou alguém que se foi. Que te deixou. Ou que foi levado.
Nós mudamos, os outros permanecem.
Nós ficamos e os outros se vão.
O que sobram são as lembranças e
o sentimento de que o amor durou.
Então, levanto-me, deixo a xícara para alguém lavar daqui a pouco
E vou dormir.
Sonhar que talvez ficções possam tornar-se realidade,
embora saiba que todas a representam.

sábado, 30 de janeiro de 2010

Outra noite que se vai

Só porquê fazia tempo que eu não escutava Armandinho.
Boas recordações...
Aproveitando pra justicar a escolha da música: são quatro e dez da manhã, e pensei que mais uma noite ... que se foi.

Pra quem quiser ouvir:


Outra noite que se vai
Eu não tô correndo atrás
Quanto tempo já passou
E a gente nem se falou
Quanta coisa a gente faz
Depois quer voltar atrás

Outra noite que você
Passa e finge que nem vê
Não esconde o teu rancor
Quer tentar me enlouquecer
Quanta coisa a gente faz
Depois quer voltar atrás

Então, me diz alguma coisa
Bate aqui de madrugada
Pra lembrar daquele tempo
Pra sempre ou só por um momento
Me dá um beijo na boca
E depois me leva pra tua casa

Perguntou por mim que eu sei
Olha, por mim vai tudo bem
Disse que me viu passar por aí
E que eu não tava muito bem
Quanta coisa a gente faz
Depois quer voltar atrás

Então, me diz alguma coisa
Toca um Marley na viola
Pra lembrar daquele tempo
Pra sempre ou só por um momento
Me dá um beijo na boca
E depois me leva pra tua casa

Perguntou por mim que eu sei
Olha, por mim vai tudo bem
Disse que me viu passar por aí
E que eu não tava muito bem
Quanta coisa a gente faz
Depois quer voltar atrás

Então, me diz alguma coisa
Toca um Marley na viola
Pra lembrar daquele tempo
Pra sempre ou só por um momento
Me dá um beijo na boca
E depois me leva pra tua casa

Então, me diz alguma coisa
Bate aqui de madrugada
Pra lembrar daquele tempo
Pra sempre ou só por um momento
Me dá um beijo na boca
E depois me leva pra tua casa

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

A tudo o que não aconteceu.


"Where did you go?"
É intrigante a capacidade de algumas pessoas de...
serem apenas promessas
ou sonhos
ou simplesmente imaginação;
pretensão.
aspirantes... quantos potenciais desperdiçados por pessoas que não se conhecem
que não aprofundam suas relações
seus sentimentos!
Às vezes nem se dão conta de que os tem.
Quantos superficiais existem no mundo,
que morrerão junto com os sonhos de uma criança,
a imaginação de um adolescente
e os objetivos não alcançados de um adulto!
E quantos desejos são marginalizados
quando se encontra pessoas que não se interessam nem por si!
"Só quero que você entenda como tudo terminou."

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Texto de hoje.


Hoje eu relaxei na piscina.
Olhei o céu com nuvens e agradeci por não fazer nada.
Porque eu sei que um dia sentirei falta disso

dessa tranquilidade
dessa paz
até dessa agonia

de quem não tem o que fazer.

Mesmo que eu goste desse estado.
Sei que preciso de algo com que ocupar a cabeça
sei que preciso de um trabalho
e de um amor também.

Mesmo que ele não venha logo.

Porque uma letra só vira música quando ganha melodia.
E uma vida só é vivida quando se tem alguém para compartilhar.

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Dez anos.


Hoje eu ri daquela menina de nove anos com idéias sem fundamentos.
Desequilibrada e que sempre agiu com o coração.
Foi assim.
Eu estava fumando um beck e olhando o tapete de estrelas estendido no céu.
E pensava na minha vida. Como faço frequentemente.
E então comecei a chorar, não sei se pela minha tristeza tr se intensificado. Aí eu percebi que eu sinto falta dos meus amigos, mas fui feita para viver sozinha. Ou em família.
Eu não acreditei quando vi uma estrela cadente.
Mas não deu tempo de fazer um pedido.
Eu nem sei o que pedir.
As coisas que eu não tenho, posso conseguir.
Foram dez anos interessantes. Cada um com o seu destaque.
E eu aprendi! Ah, como aprendi...!
Cada ano cresci o dobro da idade que completava, ou melhor, um ano a mais.
Eu perdi tantas coisas... Deixei tanta coisa nesse caminho.
E conquistei também! Plantei boas sementes a cada passo.
Eu não sei quem vai estar ao meu lado daqui dez anos Mas esse cara vai estar deitado com os pés na piscina, vendo as estrelas e falando sobre a vida.