segunda-feira, 19 de abril de 2010

Domingo de ressaca


Eu realmente não me lembro.
Eu estava com os pés descalços e
pisava em cacos de vidro.
As pessoas riam de mim
e uma delas veio me dizer que eu
não conseguiria.
E o engraçado disso é que
eu poderia acreditar nessas palavras.
A chuva molhava o meu corpo,
lavava minha consciência ,
levava os restos de um amor pagão.
O som vinha do mar.
As ondas batiam nas pedras.
A areia estava dura. E eu deitei sobre ela.
Os meus olhos encontraram uma estrela
que fingia ser o meu norte.
Quando, na realidade, o que me guiava
eram as placas de sinalização.
Eu poderia ter chorado;
virado de lado e dormido;
e até gritado.
Mas preferi cantar.
Um tanto desafinada, porém suficiente para
que as pessoas se aproximassem.
Então, deu-se início uma comemoração.
As pessoas celebravam a vida.
Eu continuei deitada.
Os meus olhos se fecharam.
E agora estou aqui.

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