quarta-feira, 19 de maio de 2010

Naqueles dias de tensão...


Ele havia saído do curso. Estava indo almoçar. Ao sair na rua, seus olhos demoraram um tempo a se acostumar com o tanto de pessoas e carros transitando. Depois de alguns minutos andando em busca de um lugar para almoçar, teve uma visão surpreendente: ela! Ela estava de costas, mas seus cabelos e seu andar eram inconfundíveis. Estava vestindo um vestido verde-musgo com delicadas mangas, uma bota de salto pequeno de cor bege claro, carregava uma bolsa preta e um casaco marrom claro no braço esquerdo. Seus cabelos estavam soltos. A cor do vestido contrastava com sua pele branquinha. Ela parou em frente à faixa de pedestre, esperando o sinal fechar, olhou na direção em que ele estava, mas não o viu. Ah, naquele momento ele percebeu que ainda a amava! Mesmo tendo passado doze anos após o rompimento. Ele não sabia se a abordava ou só se continuava admirando sua perfeição. Sua mente viajou e o que ele desejava apenas era que ela estivesse com aquele macacão que ele odiava, com as unhas sem fazer e o cabelo meio desgrenhado tomando coca-cola e comendo pizza no café-da-manhã. Ah, como ele a amava! E como ela estava diferente. Mas ainda permanecia aquele... Aquele ar angelical. O sinal fechou para os carros e ela atravessou a faixa de pedestre. Foi nesse instante que ele conseguiu ver algo que cintilava em sua mão direita, mais precisamente no dedo anelar. Uma aliança dourada. Aquela que ela não havia aceitado há treze anos atrás. Ficou cego. Então, ele notou que a tinha perdido. Olhou novamente, procurou e a viu entrando em um restaurante de alta gastronomia. Era um pouco longe. Ele não a viu mais.

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