quinta-feira, 20 de maio de 2010

Como em um sonho.


E, de repente, se chora por tudo aquilo que não se quis derramar uma lágrima; por todas as situações nas quais se fingiu ser imune; por todos os gritos calados nas dores que se julgava insuportáveis; por todas as feridas mal curadas; por todos os amores fracassados e os desejos não realizados.
De repente você sente o coração quebrar - como aquela peça de cristal que você guardava há décadas em uma câmara especial, guardada do mundo, da realidade, da vida sem máscaras e sem sonhos -, ferindo todos os outros órgãos ao redor, espalhando dor, espalhando dor.

E, de repente, eu me encontro no confessionário da igreja. Escondida de todos. Chorando como nunca. Conformada, no fundo. Pensando em escrever sobre todos esses sentimentos que me acometem nesse momento, todos os sentimentos que passaram por mim nesse tempo, toda a transformação pela qual eu passei.
Eu prefiro estar escondida quando meus olhos secarem. Os soluços passarem. Eu nem preciso falar. Já dispensei um padre.
Essa mudança requer tempo.
Eu sei que o meu vestido está um pouco sujo. E a maquiagem está borrada. É impossível manter-se alinhada, estar de outra maneira.
Eu queria o poder de transportar-me para lugares intangíveis, invisíveis, inconcebíveis. Como... Morrer um pouquinho.

Um comentário:

  1. uau! muito bom noh...

    dê uma olhada nesse site/revista... acho q vc deveria mandar alguma coisa pra lá, pra ver se é publicado...

    http://www.comartejr.com.br/originais/

    Martin.

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