segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Passageiro.


Estávamos conversando sobre o sentimento de passividade que São Paulo nos traz.
- Às vezes vou pra casa morrendo de vontade de fazer alguma coisa diferente pra eu comer; mas parece que está na alma daquela cozinha que as coisas estão todas prontas, sempre. Simplesmente quando eu entro, a minha vontade desaparece. - desabafei.
- É, mas quando eu vou pra minha casa no interior eu tenho muita vontade de cozinhar. - uma amiga ponderou.
- Eu também! E não só de cozinhar, mas de fazer muitas coisas... parece que você sente que você faz algo, age, que modifica a sua vida, que você vive... sei lá.
Passou uns instantes até que chegássemos em outro ponto da conversa.
- Parece que somos passageiros, sempre! - disse a mesma amiga.
- Pois é, parece que somos só mais uma. E as pessoas também. - completei
- E nunca dá vontade de fazer nada, de se arrumar, nada...
- Parece que as pessoas não vão te notar... elas não estão nem aí pra você.
Perde-se um trem filosofando sobre a vida. Deixa-se passar dez minutos mais cedo em casa...
Dez minutos depois, como passageiras, vamos conversando sobre o final de semana.
E depois, ao pegar o metrô sozinha, vou pensando no que minha amiga disse e fico imaginando frases para uma poesia, uma crônica... sei lá, algo bem poético e profundo.
Cheguei em casa, fiquei uma hora conversando com a empregada... cochilei meia-hora (incrível esse pequeno espaço de tempo!, mas acho que era porquê estava no sofá, enfim...) e resolvi postar qualquer coisa sobre isso, mas teria que mencionar essa idéia aqui.
Puxa, aqui você tem 9128643178235612783 coisas pra fazer. Não se pensa em si, no outro, na vida... não se olha pra dentro e se percebe os erros cometidos ou as atitudes vazias; somos sempre passageiros, sendo levados pelos carros, trens, ônibus e metrôs; levados pelas idéias, pela propaganda, pelas promessas alheias ou por um simples sorriso; levados pela vida, sem saber pra onde... ; levados pelas pessoas, deixando tudo isso alterar o nosso pensamento, a nossa rotina, a nossa vida. Somos passageiros de pessoas que não sabem o que fazem; simples transeunte em um lugar que você acha que conhece; deixamo-nos levar pela música, pelo filme e por um livro; pelas emoções e atitudes impensadas. Por um drink, dois, três ou até mais. Por drogas. Somos passageiros na vida. Sim, assim como o nosso carro, nosso tênis, nossa roupa ou nosso óculos, um dia nossa validade irá vencer, nossa matéria se esfacelará.
Eu não quero acreditar em tudo isso, às vezes.
Eu acredito que somos fruto das nossas escolhas, mas aqui... eu não consigo crer nisso. Parece que agimos de acordo com o pré-estabelecido. E não dá pra fugir.
Ah, no meio da conversa com a minha amiga concordamos que aqui em São Paulo as pessoas apenas sobrevivem.
É o que eu estou tentando: sobreviver.

Acho que soou um tanto pessimista esse meu post!
aushaushuahsua
Ah, faz parte... Não posso ser otimista 24hrs por dia, 7 dias por semana.
E também está confuso! euheuehuehue
Ah, mas eu sou uma aspirante à escritora...! ^^"


;*

2 comentários:

  1. Excepcional...
    Excelente...

    Como sempre...

    mar[q]tin

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  2. Também me pergunto se é São Paulo que faz isso conosco. Essa passividade contraditória, afinal aqui não paramos um segundo.

    você já deve ter visto, mas se não assita o filme Crash. É exatamente isso que você sente. #ficadica

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