O primeiro trago.
Que porra de emprego é esse que eu tenho que ficar sentado o dia inteiro?
Segundo trago.
Se faz o quê em um intervalo de dez minutos, quinze no máximo?
Mais um trago.
O que eu fiz ou não fiz para estar aqui?
Poderia ser tanta coisa... Ganhar tanto dinheiro sem me sacrificar do jeito que me sacrifico.
É capaz de trabalhar no Natal ainda por cima. Mesmo ninguém saindo de casa e nem precisando de ônibus.
Outro trago.
Será que a Cleusa conseguiu compra o fogão novo? Mais tarde eu ligo pra ela...
E o Evandro, quando vai me pagar, hein?! Se eu tivesse, até deixava pra lá, mas duzentos reais eu preciso, né?! Ainda mais agora, chegando o Natal.
Mais um trago.
Não tem nem mais o que pensar.
Sabe, ainda bem que são só dez minutos, senão eu enlouqueceria pensando na vida.
E mais um trago.
Preciso ver se o próximo jogo do Corinthians é aqui no Pacaembu. Se for, eu vou tentar ir, nem que eu falte no serviço, saia mais cedo, sei lá...
Outro trago.
Ca-ra-cas! Aquela ali é boa, viu?!
Ainda tem cigarro.
A última tragada.
Já preciso ir.
Mais uma viagem de quarenta minutos. Para o mesmo lugar, as mesmas pessoas, as mesmas ruas; de vez em quando até os mesmo passageiros; dependendo do horário, os mesmos trouxas dirigindo.
Cigarro ao chão.
Vamos lá!, que ainda tem cineminha em casa mais de noite.
Como é um gostoso um post com uma pegada urbana não!? HAHAHAHA
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